Parceria entre cearenses e espanhóis amplia potencial de exportação de atum

4 de novembro de 2021 - 16:28 # # #

Texto - Darlan Moreira - Ascom Sedet Imagens - Getty Images

O mercado para exportação de frutos do mar nos 573 quilômetros do litoral cearense é reconhecida, mas a chegada de novos investidores e o interesse por outras espécies de pescados está trazendo dinamismo para o segmento. Se antes a lagosta e camarão predominavam nas vendas internacionais, é provável que em poucos anos o segmento atuns e afins também desempenhe papel importante.

Prova disso são os renovados investimentos, desde 2014, que a empresa espanhola Robinson Crusoe vem realizando no Ceará, que renovou a disposição de concluir o investimento de R$ 100 milhões para ampliar suas operações no estado – pactuado em setembro de 2019, com suporte do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI).

E, mais recentemente, o pedido junto ao Governo Federal para credenciar embarcações no sentido de atender exigências sanitárias que podem reabrir as exportações para a Europa. Até o final deste ano, a intenção da Robinson Crusoe é incluir 12 embarcações nesse processo, baseadas principalmente nos municípios do litoral norte do Ceará.

Na tentativa de reabrir o mercado para exportações de pescados – suspensas desde 2019 – o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha para credenciar 300 embarcações para capturar pescados com a qualidade exigida pela comunidade europeia. Desse montante, 200 foram alocadas para a região Nordeste e 100 para o Ceará.

“Estamos seguindo duas portarias federais para promover as exportações para a Europa. E é provável que ainda nesse ano 12 embarcações cearenses alcancem certificação para promover pesca sustentável e seguindo normas sanitárias exigidas pela Europa para nossos produtos do mar”, relata Felipe Goyanna, chefe de Aquicultura e Pesca do Mapa no Ceará.

“Nesse processo, estamos em parceria com o Governo do Ceará, pois seria humanamente impossível o escritório do Mapa no estado atender todas essas demandas sozinho”, diz Felipe Goyanna, acrescentando que são várias normas exigidas para exportação para Europa, desde a rastreabilidade do produto até questões como sustentabilidade ambiental.

“Questões como temperatura a bordo barco na captura de atum, estocagem em depósitos de fibra (em vez de madeira), manuseio do pescado a bordo, controle de sala de maquinas (para evitar exposição a óleo combustível), cuidados com a saúde dos pescadores”, são alguns dos critérios que precisamos observar para credenciar embarcações na pesca do atum”, explica José Maria, diretor-financeiro da Robinson Crusoe.

“Além disso, temos atenção especial à questão da sustentabilidade. Só adquirimos produtos pescados de forma artesanal, com barcos de no máximo 15 metros. Isso agrega mais valor aos nossos produtos e faz diferença importante para o consumidor”, comenta Fernando Botelho, diretor de controladoria da Robinson Crusoe, sediada no município cearense de Caucaia.

Segundo Fernando Botelho, a Robinson Crusoe é única empresa no Brasil a processar atum e hoje gera na sua unidade cearense 550 empregos diretos, além de renda para mais de 800 pessoas no segmento da pesca. “Se tudo funcionar bem, vamos ampliar nosso faturamento, previsto para o ano 2021, de R$ 285 milhões para R$ 500 milhões até 2024.”

“Produzimos atum e sardinha enlatados no Brasil e em poucos anos já alcançamos 11% do mercado nessa partir das atividades no Ceará. O que demostra o grande potencial da região Nordeste em relação ao que chamamos economia do mar. Nossa expectativa é incluir novas embarcações e gerar mais renda e empregos nesse segmento”, conclui Fernando Botelho.