Chuvas acima da média e águas do São Francisco favorecem retomada de investimentos na produção agrícola
29 de junho de 2020 - 14:48 #Agricultura irrigada #Agronegócio #exportação #Frutas #Irrigação #São Francisco #Transposição
Após seis anos de estiagem, as chuvas acima da média verificadas em 2020 e a chegada, no mês de junho, das águas do Rio São Francisco ao Ceará tendem a impulsionar investimentos na agricultura cearense, principalmente no que refere à produção com base na irrigação.
O valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária cearense foi de R$, 5,5 bilhões no ano passado. Para 2021, a Sedet projeta um incremento de 20% sobre esse total. Isso porque a expectativa é que nos próximos dois anos a área irrigada cultivada, que em 2019 foi de 68,84 mil hectares, possa chegar aos 100 mil hectares – patamar que havia sido alcançado antes das seguidas estiagens.
“Caso essa expectativa se confirme, deve implicar na geração de algo em torno de 15 mil empregos no campo, no período da irrigação, nos próximos anos”, pondera Sílvio Carlos, secretário executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet).
De acordo com Sílvio Carlos, vários fatores favorecem a retomada de investimentos no setor da fruticultura irrigada. “Temos boa oferta hídrica, abertura de novas frentes de mercado no Oriente Médio e China e outros países asiáticos, câmbio satisfatório e uma infraestrutura logística que permite qualidade e agilidade na exportação”, explica.
Ele ressalta, contudo, que o setor só passa a ter maior clareza sobre o real potencial de demanda do mercado internacional a partir de julho, época da entressafra na Europa e quando os países importadores aumentam as compras de produtos cultivados no Ceará.
“Estamos animados, mas ainda cautelosos pois não há certeza de como a economia, principalmente a europeia, vai se comportar diante da pandemia causada pela Covid-19”, afirma Luiz Barcelos, socio-proprietário da Agrícola Famosa, maior produtora de melão do País.
Luiz Barcelos, que também preside a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), avalia que, dependendo do humor do mercado, há boas possibilidades para expansão do cultivo de citrus (limão, laranja) e mamão no Ceará.
“Temos cerca de 300 mil hectares apropriados para fazer irrigação no Ceará. Agora, com o reforço das águas do São Francisco, temos segurança para incrementar essa produção e o governo estadual está trabalhando estratégias para estimular o setor, observa Silvio Carlos.
Entre as estratégias ele cita a possibilidade de implantação de culturas alternativas (pitaya, cacau, romã, mirtilo), além de plantios em ambiente protegido de produtos de maior valor agregado e que proporcionem maior eficiência no uso da água.
“A ideia é expandir e, ao mesmo tempo, agregar valor à produção agropecuária no estado”, argumenta o secretário executivo do Agronegócio.
